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A Ciência da Hipnose

A hipnose existe há muito tempo. Ela é um estado natural de grande foco e concentração, que amplia a capacidade de uma pessoa reagir a uma sequência de sugestões, ou seja, de imaginar e vivenciar experiências que foram propostas (pense, lembre, imagine, sinta, etc). Este estado de hipnose (transe) é provocado por um procedimento conhecido como indução hipnótica – que é basicamente um conjunto de instruções.

Como surgiu o termo hipnose

O termo “hipnose” (grego hipnos = sono + latim osis = ação ou processo) foi criado pelo médico e pesquisador britânico James Braid (1795-1860). Ele acreditava que o estado de hipnose era uma espécie de sono induzido (Hipnos era também o nome do deus grego do sono). Algum tempo depois de cunhar este termo, ele se arrependeu, pois percebeu que cientificamente a hipnose não poderia ser comparada ao sono, sendo na realidade um estado justamente oposto, de intensa atividade psíquica e mental. Mas a palavra hipnose já estava consagrada, sendo assim empregada até hoje.

Trabalho científico sobre hipnose – Universidade de Stanford

Já foi demonstrado, através da prática e de várias pesquisas, que a hipnose é capaz de reduzir o estresse, a ansiedade e a dor. No entanto, esta prática ainda luta pela aceitação do público em geral. Pesquisas realizadas em 2012 pela Universidade de Stanford, empregando ferramentas de sondagem do cérebro por imagens, ajudaram a ciência a entender o que está por trás da hipnose e o que a faz funcionar.

A hipnose não é uma lavagem cerebral ou mágica. Como já disse, ela é um estado de transe, de concentração ampliada, que é muito mais comum do que você imagina. Katie Duchscherer, especialista em psicologia na Universidade de Stanford, disse: “Se você realmente se absorveu lendo um livro ou assistindo um programa de televisão e assim o resto do mundo ao seu redor desapareceu. A hipnose é muito semelhante a isso”.

Katie usa a auto-hipnose para controlar sua ansiedade em situações estressantes. Durante um teste, ela respira fundo algumas vezes, vai para um lugar diferente mentalmente e diz a si mesma: “Vou usar essa adrenalina no meu sistema para me sentir focada no teste”.

Ela aprendeu a hipnotizar-se com o Dr. David Spiegel, “Associate Chair” de Psiquiatria e Ciências do Comportamento de Stanford. Ele define que a hipnose é para a consciência humana o equivalente ao que é a lente para uma câmera.

O Dr. Spiegel diz que o que Katie faz é diferente da meditação ou de outras técnicas de relaxamento. Ela está aliviando a tensão muscular, relaxando partes não essenciais da sua mente e ampliando a percepção do problema à sua frente, permanecendo apenas ela e a questão a ser tratada. Katie aparentemente dominou a arte da hipnose. Mas nem todo mundo tem a capacidade de ser hipnotizado. Spiegel está usando exames de escaneamento cerebral para pesquisar por que isso acontece.

Uma equipe de pesquisadores, incluindo o Dr. Spiegel, usou a ressonância magnética para mostrar as diferentes “assinaturas cerebrais” de pessoas muito e pouco hipnotizáveis. Eles descobriram uma maior conectividade entre diferentes regiões do cérebro em pessoas altamente hipnotizáveis. (Hoeft et al., Base Cerebral Funcional da Hipnotizabilidade, 2012)

 

Ressonância Magnética Funcional – Conectividade funcional nos grupos HIGH e LOW (pessoas muito e pouco hipnotizáveis) – Centro médico acadêmico da Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford

 

Spiegel diz que a hipnotizabilidade (suscetibilidade hipnótica – grau em que você é hipnotizável) se deve em parte a experiências da infância. “As crianças cujos pais são fisicamente abusivos tendem a ser mais hipnotizáveis. Acreditamos que isso ocorra porque usam o cérebro para uma espécie de fuga”, explica Spiegel.

Experiências positivas na infância também contribuem para a sugestibilidade. Spiegel diz que as crianças que têm pais que contam histórias e usam muito a imaginação tendem a gostar de continuar fazendo isso.

Segundo Dr. Spiegel: “a hipnose é literalmente a mais antiga concepção ocidental de uma psicoterapia. Já existe há quase 300 anos, mas continuamos vendo isso como estranho”.

Passado e presente da hipnose

Este espaço de tempo de aproximadamente 300 anos se refere ao período de redescoberta e de amadurecimento cientifico da hipnose, pois foi nesse momento em que vários pesquisadores começaram a testar a eficácia de tal instrumento. Na realidade, a hipnose é uma técnica muito mais antiga, existindo referências desde o antigo Egito, dentro de um contexto religioso, místico e de cura.

Hoje, no Brasil, os Conselhos Federais de psicologia, medicina, odontologia e fisioterapia reconhecem e normatizam como a técnica da hipnose deve ser empregada por seus respectivos profissionais.

A prática da hipnoterapia no Brasil não é restrita a estes profissionais. Na realidade, não existem cursos de graduação reconhecidos pelo MEC para a formação de um hipnoterapeuta. Entretanto, é possível se especializar nesta área através de cursos livres e técnicos. Existem hoje vários projetos tramitando no Congresso Nacional para a regulamentação da profissão de hipnoterapeuta, mas que até o momento não foram apreciados pelo plenário.

Referências:

A Ciência da Hipnose – The National Geographic Society (24/06/2013).

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